Para esquentar, num sábado de chuva, e
inspirar beijos de chuva: palavras da lareira...
Tu queres de mim uma poesia.
Algo que te faça tremer e perder o
juízo.
O que tu não sabes é que eu só quero te
poetar.
Fazer do teu corpo o caminho das
minhas palavras.
Dirigir em tua pele, milímetro a
milímetro,
Guiar-me por minhas mãos ao volante de um
trator...
Que abrirá em teu corpo estradas
vicinais.
Fazer da minha boca um caminhão-pipa,
E te molhar; regar-te por toda a tua
extensão.
Tu queres de mim um poema.
Algo que te faça sonhar e levitar.
Mas tu não sabes que eu só quero é me
perder.
Na mata, sem mapa, sem bússola e sem
direção.
E sem norte, te encontrar enfim.
Para que sem norte, nos percamos
juntos,
E que juntos, jamais encontremos a
saída.
Pois assim é que queremos; perder-nos!
Pois somente perdidos nos encontraremos
em nós.
Tu queres de mim palavras versadas.
Algo que te faça desejar-me em ardor.
Mas tu não sabes que eu só quero te
navegar.
Em ti, como um rio repleto de
curvas...
Repleto de cachoeiras, relvas e
pedras.
E em minha canoa, navegar-te-ei em ti
e por ti.
Até que juntos, eu, e tu, rio, nos
encontremos;
nas águas calmas do lago do nosso
amor.
O nosso intenso amor que é estrada,
mata e rio.
Palavras...
Estradas que se findam;
matas que incendeiam;
rios que se afogam...
Nos secretos desejos meus que são
teus.
[Mauro Brandão - 10/11/2012]
***
***
VELHO POEMA VERMELHO
Vermelho que incendeia verdes
verdades:
Vermelhamente quente é o sangue que
corre em veias vermelhas.
Ver-me à mente, estremece corações
vermelhos,
Vermelho que me vive e dá-nos vida,
Vermelha boca de um beijo ardente
recheada de vermelho batom.
Vermelhando minha alma acesa por
ardentes desejos vermelhos.
Vermelhados brotos que reluzem a
vida... vermes vermelhos...
Vermelho dos olhos nas lágrimas que
descem bailando.
Vermelha vida e vermelha morte se
cruzando na velha existência vermelha.
Vermelho é meu sentimento que pulsa
diante da tua alma vermelha...
Vermelhos sons, vermelhos ideais, em
avermelhadas cores vermelhantes.
Vermelha é a estrada que nos espera, à
brilhante luz de um sol vermelho.
[Mauro Brandão]
Tela Mulher de Vermelho - Vladimir Volegov
[Mauro Brandão]
Tela Mulher de Vermelho - Vladimir Volegov
***
O cheiro de pêssego do teu sabonete...
Amarelo pêssego em tua pele escorrendo,
deslizando...
Ressaltando o vermelho dos teus lábios,
vermelho morango,...
das relvas verdes quando abristes os braços,
deixando a brisa envolver-te,
a soprar de leve a tua saia...
Brisa que entrelaça tuas pernas,
Inebriando-me
com o cheiro de pêssego do teu sabonete.
[Mauro Brandão]
***
No amor, vive-se: a dor e o humor.
Ardor, em meio da dor.
Arder, em meio ao humor.
Amor: é arder no ardor...
Amor: é ardor no arder...
No amor, se vive: o humor e a dor.
[Mauro Brandão]
***
Aaaah!...
Se eu fosse o cisco dos seus ói...
Iria ser o seu olhar.
E eu, cisco,
olharia do seu olhar para mim.
E aí eu, cisco corisco,
saltaria pro seu coração, caído dos
seus ói,
e que de cisco,
viraria flecha
e fisgaria ocê pra mim.
[Mauro Brandão]
***
Sigo teus passos como um animal segue
a sua trilha.
Busco tua seiva, tua essência.
E onde tu estiveres, em teu encalço lá
estarei.
Busco o teu cheiro, a tua pele, as
tuas entranhas, o teu calor...
Alimento a minha alma por teus
desejos,
e os teus desejos, eu os desejo
fundidos em mim.
Fundidos numa nova liga, desejados
ardentemente em nossas fornalhas.
Assim, busco os teus passos,
pois nos teus passos encontrarei os
meus.
E se desejares loucamente, te direi, desvairado: eu te amo!
[Mauro Brandão]
Site dessa imagem: http://playaperteplay.wordpress.com/2010/10/24/perfume-entorpecente/
Site dessa imagem: http://playaperteplay.wordpress.com/2010/10/24/perfume-entorpecente/
***
SWEET AND
PRECIOUS GIRL
Mesmo que tudo tenha sido dito...
Sempre haverá palavras doces
que encarregarão de dizer-te,
Que tudo o que foi dito,
Jamais terá o sabor da tua doçura.
[Mauro Brandão]
Ardência... ardor... acordar... dar...
doar...
Arder... dor... adormecer...
adornar... atordoar...
Ardência... incandescência...
indecência... ciência...
Decência... cadência... clemência...
ausência...
[Mauro Brandão]
Vento, vento... traz a mim teus beijos
ventados...
Sopra ao meu ouvido tuas palavras
beijadas,
um dia aventadas em lembranças...
brisas de amor.
Beije-me como o vento, que esvoaça por
minha boca.
Vento... que voam lembranças que um
dia sopraram,
em minh’alma, apaixonadas brumas
nascidas ao vento.
[Mauro Brandão]
***
Como posso não amar,
se o amor não acabou?
Amo em tua ausência,
sinto o cheiro da tua sombra.
Tua pele ausente esquenta
a saudade que me assola.
Sinto minha boca seca,
Sinto minha boca seca,
na lembrança da tua boca molhada.
Teu amor vive
ausente no meu presente...
Vivo o passado amado esmagando
o presente sem amor.
O amor não acabou,
mas não posso amar.
Então, amo o que se foi
como se nunca tivesse ido.
[Mauro Brandão]
***
***
AMOR ROMÂNTICO-PLATÔNICO
Esse amor, que me faz revirar na cama...
Das noites insones em que penso em você...
É amor que não precisa te ter, nem me saciar,
Pois o que me sacia é somente a sua presença.
Esse amor, que é mais forte que o cheiro da flor.
É mais forte que o vento que uiva.
É mais forte que o calor da minha pele.
É mais forte que as palavras não ditas.
Esse amor, apaixonado e não declarado.
Assinado, assinalado, entre olhares descuidados,
Permitido, invadido, mesmo que não oficializado.
Intenso, velado, como o existir que nos é revelado.
Esse amor, olhado de longe em beijos desejados.
Em beijos sonhados e às vezes roubados.
É um amor assim, livre e amarrado.
Consentido, e inevitável. Livre, e entrelaçado!
[Mauro Brandão}
***
É flor, é flô, é fulô!
Que flora, fulora e flôra.
E fala aos meus ouvidos sussurros de flor.
Que aflora, petála e incensa,
exalando seu cheiro de flor mulher.
Flô muié, fulô mulér.
Mulher fêmea, cabra fêmea.
Que me deixa assim, bebin por você,
quando vem em mim com esse cheiro...
Cheiro de flor, de fulô, de flô.
Venha à mim, mulher-flor,
que meu sonho é te despetalar.
e te esparramar no jardim do sonho.
Jardim-sonho meu de mim pra você.
Jardim secreto, florido por você, flor do meu jardim.
Flô, fulô do meu jardim.
Imagem: Abgail, di Cavalcanti.
[Mauro Brandão - 24/07/2012]
CHUVA NO SERTÃO
Quando chove no sertão, minha
alma contorce por ti.
Chuva amada, amassada, pingos de
paixão...
A cada sussurro meu em teu
ouvido, chove no sertão.
A cada suspiro transpirado da
minha pele, chove no teu sertão.
Chuva que me irriga a tua
feminina fertilidade,
Chuva que encharca meu corpo
sedento de ti.
Quando chove no sertão, teu
sorriso me abriga.
Sinto em mim a tempestade do teu
ardor.
E até o sol se molha de êxtase
quando em ti chove.
Pois é chuva de amor, que
esverdeia tuas entranhas.
Penetra-me nas águas por todos os
meus poros.
E em ti, inunda-me as vias das
tuas emoções.
Quando chove no sertão, não
chove. Alaga-nos!
Alarga-me o pulsar do meu coração
por ti.
Quebra-me barreiras, destrói-te
paradigmas.
Brota-nos na pele sementes de
furor.
Troveja, retumba, ricocheteia,
estremece, abala.
A chuva do teu sertão, e que nos faz assim, Ser Tão.
***
Se eu fosse um rio,
De um beijo faria a minha nascente.
Escorreria por tua boca, desceria pelo teu pescoço.
Entre teus seios, me faria afluentes.
Encontraria outros rios meus percorridos de tuas costas.
Alargado, faria do teu umbigo uma ilha...
E eu, atrevido rio, desceria destemido como canoa,
e ao desembocar em teu monte proibido...
Cairia como cascata no lago do nosso amor.
Lago formado por meus rios nascidos dos teus pés,
rios atrevidos corridos em tuas coxas.
Rios meus encontrando, afinal, nesse lago final.
E sendo lago, nadaria calmo pelas águas de paixão,
que é rio, e feito água, escorreria sempre em nós.
Águas-vivas sempre novas de um mesmo rio, sempre rio...
[Mauro Brandão – 22/06/2012]
inspirado em uma poesia da poeta Geane Masago.
***
***
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EM UM CABARÉ PERNAMBUCANO
(rimas do repente)
Velhas teclas de um velho piano,
Sobra-me apenas os dois dois de
copas.
Olhares em descaso nos degraus de
escadas
escondem-se desejos cobertos de
pano.
Vibrante vermelho de um doce
batom,
entrebrilhando como vagalume ao
neon.
O salão era o sentido de gentes
sem mundo
onde n'algum dinheiro ganha-se a
vida,
afogando-se em uísque, encontro-a
perdida,
era ela, a mulher que me
encontrava amando.
Agora me restara apenas um plano,
ziguezagueando sôfregas entre as
mesas.
Damas, camélias, cálidas
princesas,
mas só enxergava a ti naquele
aceno.
Neblinas de cigarros marcavam o
tom,
sonhavas distante debaixo do
edredon...
Volúpias, paixão, razão
padecendo,
Assim tu me vinhas sempre
atrevida.
Insolente veneno, me eras
intrépida,
escravo assim fui de ti me
tornando.
Em desvarios, me encontro insano
em mágoas, companhia das marias
bêbadas.
Toda fortaleza se rende às
fraquezas
da tua pele macia, exalas veneno.
Felina pantera do Armagedom,
de todo o belo, de tudo que é
bom,
naquele salão nos amamos
dançando.
Hoje sofro por minha memória
estúpida,
glórias de dias de felicidade
cálida,
beijos molhados em moet chandon.
[Mauro Brandão - 06/12/2012]
Site dessa imagem:
http://capa-bode.blogspot.com/2009/10/morte-do-cabare.html
Tela: Morte no Cabaré -
Tintoretto
***
FLOR DO SERTÃO
Vermelhos beijos, com cheiro de
terra...
Cheiro de Flor do cerrado,
sertão
vermelho,
Ser Tão vermelho...
Assim como é
vermelho o nosso sangue,
Que se rubra diante do nosso
amor.
O nosso canto, Ser Tão, é
assim...
Vermelho como o suor do sol.
Irradiante sol de arco-íris
avermelhados.
Que nos esquenta, queima e reluz.
Beijos melódicos esvoaçam-se no
céu vermelho...
Céu de jagunços,
céu de amores
sertaneiros.
Amor brotado em flor,
uma flor
bela do chão vermelho,
Como notas, pássaros saídos do
cantar do sertão.
Vermelho sertão,
rubra mulher
- harmonia que é Ser Tão...
Sertão dos meus sonhos de sol,
encantados num canto.
Onde canto, em serenata, uma
cantiga vermelha,
A uma
flor-mulher,
vermelha como o amor do sertão.
Uma pantera ferina.
Uma mistura de vigor e silêncio;
garras afiadas
que brilham seus olhos no breu da
noite
que se guia por meu cheiro.
Seus instintos afloram.
Me encontra!
Sua alma felina me lambe,
sente o sabor das minhas emoções
de estar diante de uma mortal felina,
que neste momento
me fita e me cheira
prestes a devorar-me...
[Mauro Brandão]
Site desta imagem: http://grupo47damaia.blogspot.com/2011/06/mega-construcoes-avaliacao-p-pantera.html
***
Lembranças...
instantes únicos eternizados na
fogueira da saudade.
Instante que não tem régua para medir
e balança para pesar.
Instante,
de tão pequeno que é,
que cabe num ponto,
infinitos pontos de instantes eternos.
Mas...
o quão imenso é um instante,
que depois do seu ínfimo pulsar,
se alastra como fogo no mato seco,
nas cercanias infindáveis do nosso
amor.
[Mauro Brandão]
Site desta imagem: http://apausadamente.blogspot.com/2012/06/so-lembrancas.html
***
Um dia chegará!
Aos meus olhos por teus pés.
Aos meus sonhos por tuas mãos.
Falarei a língua do teu coração,
no dia que esse dia chegar
[Mauro Brandão]
Site desta imagem: http://www.bailandesa.nl/blog/3222/je-hart-vasthouden-segurar-o-coracao-em-holandes/
***
Esse pecado dá samba.
Ou valsa, quem sabe ao som de um
bolero?
Num salão enfumaçado, um feminino
perfume, sob a luz neon...
É pecado! É pecado? Pecado não é!
Pecado concedido, pedido, rasgado,
apagado, pregado...
Um pecado despetalado, de mil cores,
pecados capengas...
Pecado vermelho, ou seria lilás?
Brancos e negros perfumes, de toques
sutis, ou nada sutis...
Ou é pecado, ou é vida!
É pé! Pé-de-samba, pé-de-valsa,
pé-de-moleque.
Que peca, que dança, que valsa.
Da vida que se peca, dança.
Pecadança, dansapeca, só não dança
quem não peca.
[Mauro Brandão - 12/10/2012]
***
Lilás, aliás,
será a minha joia a te
dar em laço lilás.
Aliás,
serei lilás em tua vida, que
brilha lilás.
Uma rosa lilás...
de pétalas rosas e
cheiro lilás,
ou uma roxa paixão,
rosa roxa,
roxa
rosa,
aliás, lilás.
Inebriaremos em vinho,
um tinto vinho
lilás.
Que nos remete a uma encantada alma
lilás.
E se é lilás que te encanta,
te darei
meu sangue lilás.
Sonhando com sua boca lilás,
seus
olhos,
em vinho,
brilham lilás.
A tua pele rosa,
teu corpo ardente,
tremula num beijo lilás.
Aliás,
somente um inesquecível e
apaixonado beijo lilás.
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